terça-feira, 1 de setembro de 2009




CRÍTICA >> O DESPERTAR DA PRIMAVERA
Claudio Botelho e Charles Möeller gostam de desafios. Já se aventuraram a levar ao palco a sua visão de um ícone da dramaturgia musical nacional, como Ópera do Malandro, de Chico Buarque; um outro que traz à cena o cancioneiro dos rapazes de Liverpool (matéria que desperta paixões que nem o futebol) em Beatles Num Céu de Diamantes e, last but not least, criaram um conto de fadas moderno embalado pela sofisticada música de Ed Motta. Desta vez, escolheram o clássico de Frank Wedekind, O Despertar da Primavera. Não se tratava simplesmente de verter para o português a montagem musical norte-americana de Duncan Sheik e Steven Sater , criada em 2006. Mas dar a sua visão para a produção que conquistou oito prêmios Tony. Depois, vencer a expectativa da horda de fãs que tiveram a adolescência marcada pela produção de 1979 do Pessoal do Despertar. Com Miguel Falabella, Maria Padilha, Daniel Dantas, Zezé Polessa, entre outros no elenco, e dirigida por Paulo Reis, a encenação entrou para a história e para a memória de toda uma geração de cariocas.Mais uma vez, a dupla Botelho & Möeller se superou. Este O Despertar da Primavera consegue unir a força do texto do autor alemão com o impacto de uma trilha sonora que só fez conferir ainda mais alma aos adolescentes do drama. É curioso que, mesmo escrita no século XIX, a trama permaneça atual. Mesmo em plena era da informação, questões como aborto, homossexualismo e abuso sexual continuam em pauta e próximos da realidade dos jovens. O cenário, de Rogério Falcão com estruturas metálicas e concreto aparente, aliado à meia-luz de Paulo Cesar Medeiros, cria atmosfera soturna, opressora, que remete, na asfixia, à seqüência em que se entoa o hino rebelde Another Brick in The Wall, em Pink Floyd The Wall, o filme dirigido por Alan Parker em 1982. À frente do elenco, destaca-se Malu Rodrigues como a romântica Wendla. Além do ar angelical que a torna perfeita para o papel, Malu ainda canta lindamente. Pierre Baitelli (Melchior faz com ela bom par romântico e Rodrigo Pandolfo mais uma vez se mostra talentoso, agora na pele do angustiado Moritz. Carlos Gregório e Debora Olivieri cumprem com louvor a tarefa de encarnarem, em diversos papéis, o mundo adulto. Em resumo: um espetáculo impactante, com letras impecáveis de Botelho e ótima direção musical, encenado com garra por um elenco jovem e que também vai fazer história.

O DESPERTAR DA PRIMAVERA
Em cartaz: Teatro Villa-LobosAvenida Princesa Isabel, 440, Copacabana, tel: 2334-7153 Quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 21h30. Domingos, às 18h. R$ 60 (quintas e sextas); R$ 70 (domingos) e R$ 80 (sábados).Bilheteria: 15h/19h (quarta a domingo)

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