quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A volta dos Clandestinos

Gente, João Falcão deixa a clandestinidade mais uma vez. Ou melhor, exibe-a sob os holofotes. “Clandestinos”, um dos projetos de maior qualidade que surgiu nos palcos nos últimos tempos voltou à cena. A Cia. Instável de Teatro pisa novamente na ribalta para contar a sua própria história: jovens atores em busca de um lugar ao sol, digo, sob os refletores. Os atores, oriundos de diversos cantos do país, foram convocados pela internet ( foram mais de três mil inscritos), passaram por entrevistas, testes e oficinas até serem selecionados como membros efetivos do grupo formado pelo diretor. “Clandestinos” é um espetáculo que empolga e emociona e mais, uma vez, prova ter imenso fôlego. A temporada vai até 16 de dezembro.

Em cartaz: Teatro do Leblon– Sala Fernanda Montnegro- Rua Conde Bernadotte, 26, Leblon, .tel: 2529-7700. Terça e quarta, 21h. R$ 30,00. 12 anos. Duração:90min. Aé 16 dedezembro. Estacionamento. Vendas pela internet: www.ingresso.com

Nova Estréia da Amok

Primeiro foi o conflito entre israelenses e palestinos com “O Dragão”. A Amok , companhia para lá de premiada de Ana Teixeira e Stephan Brodt, vai manter-se n o cenário da guerra e da opressão em seu novo espetáculo com estréia marcada para quinta, 29 de outubro, no Espaço Sesc, em Copacabana. Kabul mergulha no Afeganistão e é o segundo espetáculo de uma trilogia sobre o tema guerra. “Kabul” é uma criação que partiu de duas fontes: um livro, “As Andorinhas de Cabul” do escritor argelino Yasmina Kadra e uma imagem real, uma mulher coberta com uma burca azul, sendo executada publicamente no estádio de Cabul, em novembro de 1999. Quem conhece o trabalho da Amok, a seriedade do seu trabalho de pesquisa, pode se preparar para uma experiência, no mínimo, impactante.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

pílulas culturais

PÍLULAS CULTURAIS


@ Ótima notícia.O Quarteto Guanabara volta à cena renovado. O violoncelista Marcio Malard, remanescente da formação que sofreu as baixas da violinista Mariuccia Iacovino e do violista Frederick Stephany , tocará ao lado de músicos expoentes da nova geração. Daniel Guedes, assume o primeiro violino, Gabriela Queiroz, o segundo e o violista Gabriel Marin se apresenta na qualidade de convidado especial. No programa, obras de Radamés Gnattali, Guerra-Peixe e Schubert. Dia, 1 de outubro, na Sala Cecília Meireles.

@ Um Lugar Chamado Recanto, musical de Fred Mayrink, ambientado no sertão mineiro, reúne no palco os atores Nivea Stelmann, Camila Caputti, Daniel Lobo, Tino Gomes, Claudio Galvan, Janaina Azevedo, Thais Garayp, Silvio Ferrari, Ronnie Marruda, Adriana Moreira, Bacima Zoghaib e Monica Horta mais os músicos Joaquim de Paula, Valmyr de Oliveira e Thais Bizerra. Regionalista, a trama versa sobre duas irmãs. A mais velha, Zizinha , fica enciumada dede o nascimento da outra, Ana. Com o passar dos anos, o que era ciúme transforma-se em ódio. O motivo de toda a discórdia, nessa nova fase da vida das irmãs, não é mais a disputa pelo amor paterno, e sim o desejo ardente e doentio de Zizinha por João Andorinha, o par e grande amor de sua irmã. A partir de 1 de outubro, no Teatro Clara Nunes.

@ Título de peso da dramaturgia de Fernando Arrabal, O Arquiteto e o Imperador da Assíria, ganha nova montagem. A versão dirigida por Ivan Albuquerque, em 1970, com José Wilker (O Arquiteto) e Rubens Côrrea (O Imperador) no elenco, no lendário Teatro Ipanema, é marco do teatro brasileiro. Agora é a dupla formada por Paulo Vilhena e Beto Bellini a encarregada de dar vida aos dois personagens do título. A direção está a cargo de Haroldo Costa Ferrari. Estréia em 8 de outubro, na Sala Tônia Carrero do Teatro do Leblon.
@ Dirigida por Dudu Sandroni, chega aos palcos Linha Reta & Linha Curva, adaptação do conto homônimo de Machado de Assis. A peça brinca com o tempo e apresenta um Machado de Assis contemporâneo, fiel ao texto original, mas com trilha sonora e citações de músicas de Roberto Carlos. No elenco, Gustavo Falcão, Otto Jr., Paula Sandroni, Gisela de Castro, Gláucio Gomes, e Paulo Hamilton, como o narrador do conto. Ambientado em um belo casarão antigo, a montagem se vale da arquitetura e da luz natural do local, para conferir à história uma atmosfera especial. Ao longo do espetáculo, o público passeia pelo jardim e acomoda-se nos salões do imóvel, como se fosse convidado de um chá oferecido pela anfitriã da história. Estréia em 10 de outubro, no Casarão Austregésilo de Athayde, no Cosme Velho (RJ).

@ Com dramaturgia inédita inspirada na obra e no pensamento do cineasta Andrei Tarkovski, a peça Azul Metálico. O espetáculo tem dramaturgia coletiva assinada pelo diretor Marcelo Mello em parceria com o elenco composto por Alexandre Braga, José de Brito, Liliane Rovaris, Luisa Friese, Marcos Nauer e Regina Melo. Marcello Mello assinou a direção dos espetáculos Elogio da Loucura e Entropia, encenados com o mesmo grupo. Estréia em 8 de outubro, no Mezanino do Espaço Sesc.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

VIVER SEM TEMPOS MORTOS

Difícil falar de Fernanda Montenegro sem cair no lugar comum dos elogios rasgados ao seu talento. Fazer o que, se a Dama do teatro brinda o público com uma interpretação impecável na sua visão de Simone de Beauvoir? Fernanda enche o palco vazio, adornado apenas por ela e uma cadeira. Permanece sentada por sessenta minutos e fala, fala, fala. E o teatro se enche com as paisagens invisíveis que sua narrativa impecável descortina. Além do talento, Fernanda exibe memória prodigiosa e impostação vocal perfeita. Alunos de teatro deveriam vê-la em cena para aprender.
Dirigida por Felipe Hirsch, um expert em teatro memorialista, a encenação é minimalista, atenta exclusivamente às palavras. O que se vai pensar sobre Simone, Sartre e o existencialismo é outra questão . Viver Sem Tempos Mortos delineia com força a figura feminina que marcou uma época e transformou a visão e o conceito sobre a mulher. Hirsch prova, com o auxílio de Daniela Thomas, responsável pela direção de arte, a máxima que para o teatro, pouco se precisa além de bons atores e um bom texto. São estes os elementos trabalhados nesta peça. A luz de Beto Bruel incide em um único foco, preciso, sobre a figura elegantemente sentada no palco. A música, selecionada pela própria atriz, é evocativa. Ali, nada há em excesso. Um espetáculo que aposta na simplicidade e se apresenta essencial.

Em Cartaz: Teatro Fashion Mall - Sala 2 .Estrada da Gávea, 899 - 2º piso. São Conrado. Rio de Janeiro. Telefone: (21) 3322-2495.
Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h.
Preço: R$ 60,00 (quinta); R$ 70,00 (sexta); R$ 80,00 (sábado e domingo).
Bilheteria: a partir das 15h (terça a domingo)
Classificação etária: 16 anos
Duração: 1 hora
Até 25 de outubro.

terça-feira, 1 de setembro de 2009


CRÍTICA >> SIMPLESMENTE EU, CLARICE LISPECTOR
Personagens de Clarice Lispector há muito deixaram as páginas para habitarem também o palco e as telas.Nos últimos anos, entretanto,a própria escritora e a sua incessante busca pela profundeza da alma, serviu de material a algumas montagens. Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, o espetáculo Simplesmente Eu, Clarice Lispector vale-se de criaturas de sua obra e de passagens da vida da autora, para mergulhar naquilo que Clarice mais prezava: a busca intensa pelo espírito humano, por sua essência. No caso, a dela mesma.Com precisão cirúrgica e a delicadeza inerente ao assunto, Beth Goulart ,que também assina a adaptação do texto e a direção, consegue costurar um espetáculo que privilegia em tudo o essencial que virou sinônimo de Clarice. Como atriz, é entregue e emocionada, a ponto de provocar no espectador a sensação de estar mesmo diante da escritora. Sob a supervisão de Amir Haddad, Beth chega mesmo a parecer fisicamente com a personagem .Semelhança que vem brindar um trabalho maduro e exemplar da atriz. Como diretora, Beth é precisa, e montou um espetáculo sem desperdícios. A estrutura orgânica porém atemporal do texto, em muito remete à liberdade de gêneros em que tanto acreditava Clarice. A emoldurar este espetáculo, o cenário básico e minimalista de Ronald Teixeira e Leobruno Gama, branco como uma página virgem. E os figurinos de Beth Filipecki, além de práticos, conferem à atriz a sofisticação e elegância que eram marca registrada da autora. Em resumo: o espetáculo é uma pérola. Das mais preciosas que já adornaram Clarice.


SIMPLESMENTE EU, CLARICE LISPECTOR.
Em Cartaz: Teatro I do Centro Cultural Banco do BrasilRua Primeiro de Março, 66, Centro, tel: 3808-2020Quarta a domingo, 19h.Preço: R$ 10,00Bilheteria: 9h/21h (terça a domingo)Classificação etária: 12 anosAté 4 de outubro.



CRÍTICA >> O DESPERTAR DA PRIMAVERA
Claudio Botelho e Charles Möeller gostam de desafios. Já se aventuraram a levar ao palco a sua visão de um ícone da dramaturgia musical nacional, como Ópera do Malandro, de Chico Buarque; um outro que traz à cena o cancioneiro dos rapazes de Liverpool (matéria que desperta paixões que nem o futebol) em Beatles Num Céu de Diamantes e, last but not least, criaram um conto de fadas moderno embalado pela sofisticada música de Ed Motta. Desta vez, escolheram o clássico de Frank Wedekind, O Despertar da Primavera. Não se tratava simplesmente de verter para o português a montagem musical norte-americana de Duncan Sheik e Steven Sater , criada em 2006. Mas dar a sua visão para a produção que conquistou oito prêmios Tony. Depois, vencer a expectativa da horda de fãs que tiveram a adolescência marcada pela produção de 1979 do Pessoal do Despertar. Com Miguel Falabella, Maria Padilha, Daniel Dantas, Zezé Polessa, entre outros no elenco, e dirigida por Paulo Reis, a encenação entrou para a história e para a memória de toda uma geração de cariocas.Mais uma vez, a dupla Botelho & Möeller se superou. Este O Despertar da Primavera consegue unir a força do texto do autor alemão com o impacto de uma trilha sonora que só fez conferir ainda mais alma aos adolescentes do drama. É curioso que, mesmo escrita no século XIX, a trama permaneça atual. Mesmo em plena era da informação, questões como aborto, homossexualismo e abuso sexual continuam em pauta e próximos da realidade dos jovens. O cenário, de Rogério Falcão com estruturas metálicas e concreto aparente, aliado à meia-luz de Paulo Cesar Medeiros, cria atmosfera soturna, opressora, que remete, na asfixia, à seqüência em que se entoa o hino rebelde Another Brick in The Wall, em Pink Floyd The Wall, o filme dirigido por Alan Parker em 1982. À frente do elenco, destaca-se Malu Rodrigues como a romântica Wendla. Além do ar angelical que a torna perfeita para o papel, Malu ainda canta lindamente. Pierre Baitelli (Melchior faz com ela bom par romântico e Rodrigo Pandolfo mais uma vez se mostra talentoso, agora na pele do angustiado Moritz. Carlos Gregório e Debora Olivieri cumprem com louvor a tarefa de encarnarem, em diversos papéis, o mundo adulto. Em resumo: um espetáculo impactante, com letras impecáveis de Botelho e ótima direção musical, encenado com garra por um elenco jovem e que também vai fazer história.

O DESPERTAR DA PRIMAVERA
Em cartaz: Teatro Villa-LobosAvenida Princesa Isabel, 440, Copacabana, tel: 2334-7153 Quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 21h30. Domingos, às 18h. R$ 60 (quintas e sextas); R$ 70 (domingos) e R$ 80 (sábados).Bilheteria: 15h/19h (quarta a domingo)
PÍLULAS CULTURAIS
@ Especialista em música antiga, a cravista Rosana Lanzelotte está à frente do projeto que disponibiliza, pela primeira vez, a totalidade das obras de Ernesto Nazareth - recuperadas, revistas e editadas - e lança o CD pelo selo Biscoito Fino com 15 peças do compositor, dentro do projeto Natura Musical. O lançamento do site, com direito a oficinas virtuais à distãncia ministradas pela própria Rosana, será marcado com concertos em São Paulo (27/9), Rio de Janeiro (29/9) e Belo Horizonte (11/11). O site dará pela primeira vez, acesso à totalidade da obra do compositor de Odeon. São 216 peças revistas e editoradas. A data prevista para entrar no ar é dia 15 de setembro. O endereço: www.ernestonazareth.com.br

@ Sérgio Britto vai subir a serra e levar ao Theatro Dom Pedro, em Petrópolis, a sua premiada Ato Sem Palavras 1/ A Última Gravação de Krapp, peça que reúne dois textos curtos do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Pelo trabalho, dirigido por Isabel Cavalcanti, Britto recebeu os prêmios Shell e APTR de melhor ator em 2008. Dias 12 e 13 de setembro.